A RÁDIO
EDUCADORA CEARENSE
(Outro
Registro Quase Perdido)
O Brasil havia experimentado o funcionamento do Rádio
por ocasião da festa do centenário da independência quando, aos 7
de setembro de 1922 foi instalado no Corcovado, Rio de Janeiro, um
equipamento transmissor e vários receptores em locais estratégicos
da então Capital da República. Isso motivou o Sr. Edgar Roquette
Pinto a fazer funcionar um ano depois a Rádio Sociedade do Rio de
Janeiro, embora devamos fazer justiça ao estado de Pernambuco quando
em Recife a sua “Rádio Clube” foi ao ar em 1919. No Ceará,
apesar da euforia de 1924 com a beleza teórica e pouca
aplicabilidade prática do “Rádio Clube Cearense” que de modo
efêmero funcionou no prédio do Distrito Telegráfico (Fênix
Caixeiral), Fortaleza ainda saboreou desta experiência.
Coincidência
ou não, a segunda tentativa em Radiotelefonia
cearense nasceu
juntamente com o Jornal O
Povo, com diferença
apenas de dias. Em 1 de janeiro de 1928 O Céu da Fortaleza Antiga
Foi novamente cortado pelas ondas hertzianas da “Rádio
Educadora Cearense”. Aos 12
de janeiro de 1928, o Jornal O Povo em sua edição nº 6, traz a
seguinte nota: “Esta
nova sociedade de Rádio, ciosa de seus deveres de educar o povo de
nossa terra, está promovendo um concurso que sobre os aspectos, é
merecedor dos aplausos do público e dentro de pouco tempo saberemos
qual o melhor Rádio telegrafista...”.
A sede da Rádio Educadora Cearense localizava-se na Rua
General Sampaio nº 118, no local onde depois funcionaria o Instituto
de Previdência do Município-IPM, esquina com a Rua Meton de
Alencar, na Praça Clovis Beviláqua, que já foi “Praça da
Bandeira” e na época se chamava “Visconde de Pelotas”.
Por todo o mês de janeiro (1928) e, durante os dias
úteis de 19.00 até 21.00 h, ficaram abertas na sede da emissora, as
propostas de matrículas aos interessados em fazerem o concurso para
ficarem aptos, ao manuseio dos equipamentos da Rádio-Telegrafia.
Essa estação radiofônica foi se impondo no conceito público pela
sua programação e pelas suas altruísticas atitudes.
O jornal “O Povo”, com menos de um mês de
existência, já acompanhava todos os acontecimentos da cidade e
publicou na edição de 23 de janeiro os nomes dos componentes da
R.E.C. “Presidente: Dr. José Odorico de Moraes;
Vice-presidente: Luiz Espíndola; 1º Secretário: Achiles Arraes; 2º
Secretário: Pierre Pereira da Luz (Locutor); Adjunto tesoureiro:
Antonio D'Oliveira Braum; Diretores fiscais: Flósculo Barreto,
Benjamim Falcão e Oswaldo Fernandes”. Nessa mesma nota, o
noticioso de Demócrito Rocha diz que o Sr. Antonio de Alencar
Santiago (telegrafista), ficava como responsável pela a direção da
Rádio, quando ausentes os diretores.
Naquela época era difícil se conseguir concessão do
Governo para o serviço de comunicação, tanto pela dificuldade da
aquisição dos equipamentos, o quanto pela a liberdade de expressão
que era vigiada, talvez seqüelas deixadas pela “coluna prestes”.
Fortaleza assim sintonizava sua programação, mas ainda
sem qualidade a gosto do ouvinte. Tinha o boletim informativo,
músicas selecionadas. Nos fins de semana eram transmitidas para a
elite (os receptores eram caríssimos) as partidas de futebol, de
onde o poeta Pierre Luz, da janela do estúdio narrava os
acontecimentos no campo, local este onde depois construíram a
Faculdade de direito da UFC, afinal o Estádio do Prado só
seria inaugurado em 1941.
A vida dessa emissora também foi curta, pois quando
João Dummar criou “O Ceará Rádio Clube” a Rádio Educadora
Cearense já havia saído do ar.
Teria sido a Revolução de 1930? Descubram os
entendidos.
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